Crescer 13.07.2005
Crescer. Isso, meu irmão, é amor.
Não o amor que iludirá um dia
uma mulher, que se devota
a um clube ou até a uma profissão.
Amor que não sai, não se compadece,
que não tem medo.
Daquele que poucas vezes se admite
e raramente se transmite.
Conhecer esse amor, crescendo.
Par de Sapatos (19.12.2008)
E vai um, e vão dois, zás, pás, acto
de tenaz, valente ironia,
duplo tiro, de sapataria
ataque em-Bush, gato-sapato.
Final d’um ano, de política,
destruição de massa captada
arma química, foi descalçada
em canhão de bota balística.
Um, dois, terceiro não arremessou,
não sem vontade, só por defeito,
O persa em duas pernas chegou
Com uma raiva a bater no peito.
E naquele instante nos provou
Como todos os homens ser feito.
Natureza* (12.03.2010)
Gosto de manga, tanga madura
danças de gravata encoberta
agulhas que o dente aperta
na casca fica a mordedura.
Fatos de seda em andadura
em trejeitos de boca incerta
bicho da maçã podre, aberta
não deixa cair a armadura.
D’ outras frutas gostei um dia
escondidas, metidas em sacos
fora d’ época, toscas, vadias.
Como meias reféns de buracos
vivendo cobarde vilania
escondidas dentro dos sapatos.
*inicialmente Bestiário Político
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